Comércio ao Vivo: Com taxa em compras internacionais, Correios afastam AliExpress do Brasil

São Paulo – Os famosos “negócios da China” acabaram de se tornar menos atraentes. Os Correios anunciaram nesta semana uma taxação que pode comprometer as compras de 22 milhões de brasileiros em e-commerces internacionais. Todas as encomendas que chegarem ao Brasil pelo serviço postal estão sujeitas à cobrança de uma taxa extra de despacho, no valor fixo de 15 reais.

A medida já está valendo, segundo os Correios. A estatal afirma em nota que o serviço de despacho postal era cobrado apenas para objetos tributados pela Receita Federal. Mas, com o aumento das importações, a estatal “precisou injetar mais recursos na operação”. Esse é mais um capítulo na saga dos Correios, que tentam se recuperar de uma crise econômica que há anos assombra o serviço postal.

Apesar de a taxa fixa incidir sobre todas as encomendas internacionais, as compras que devem ser mais afetadas são as valores menores. É o caso da maioria das aquisições feitas em lojas online chinesas, como AliExpress e DealeXtreme (DX.com), ou em e-commerces internacionais que revendem produtos chineses, da gigante Amazon ao unicórnio Wish.

De acordo com In Hsieh, CEO da China Brazil Internet Promotion Agency (CBIPA), o ticket médio das compras brasileiras nos e-commerces chineses é de 50 reais, possibilitados também por políticas de descontos agressivos e de fretes grátis. Enquanto isso, o ticket médio do comércio eletrônico brasileiro em geral fica em 418 reais, segundo o relatório Webshoppers, da Ebit. “Nesse sentido, 15 reais é um valor muito significativo. A diferença de preço ainda pode compensar em alguns casos, mas certamente as compras irão diminuir”, diz Hsieh.

Ainda de acordo com o Webshoppers, cerca de 22 milhões de brasileiros realizaram compras no exterior pela internet no ano passado, 40% do total de clientes do comércio eletrônico. O total gasto em e-commerces internacionais passou dos 36 bilhões de dólares, mais do que os 47,7 bilhões de reais de faturamento das empresas nacionais de comércio eletrônico.

Mais da metade desses 22 milhões de brasileiros foram clientes do AliExpress, o maior expoente do e-commerce chinês em terras brasileiras. Criado em 2010, o portal de venda de produtos abaixo do custo conecta diretamente os fabricantes chineses com compradores particulares, especialmente de fora da China. O negócio já passou dos 100 milhões de clientes no estrangeiro.

Mercados mais atraentes

Não é a primeira vez que os Correios compram briga com as importações chinesas. A estatal alega que os pacotes vindos da China burlam as regras ao chegarem ao país sem registro, o que evitaria a cobrança de um valor maior para o frete e dos impostos alfandegários. Tais pacotes precisam de uma triagem manual, o que aumentaria o custo da operação dos Correios.

Em março deste ano, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, falou a EXAME e informou que 300.000 pacotes do tipo chegavam todos os dias no Brasil. O prejuízo da estatal chega a um bilhão de reais ao ano com essa irregularidade. Campos prometeu que até o fim do ano os compradores pagariam essa diferença no momento da retirada da encomenda até o final deste ano – o que foi, justamente, a medida anunciada nesta semana.

Para Hsieh, a medida dos Correios afeta mais os consumidores brasileiros do que as finanças do grupo Alibaba. Nos e-commerces chineses voltados a pessoas físicas, como o AliExpress, as transações internacionais representam 24,4% do total de operações.

Parece um número significativo, mas a porcentagem se torna ínfima quando se compara o tamanho da gigante chinesa com um Brasil cada vez mais desinteressante. Em seu balanço de abril a junho deste ano, o gigante chinês apresentou uma receita de 12,23 bilhões de dólares, mas o comércio internacional representou apenas 652 milhões de dólares do total, ou 5,33%. O Alibaba destaca que o Sudeste Asiático é seu mercado mais promissor para o comércio cross-border, e não menciona o Brasil.

“O Brasil é um mercado importante, mas é apenas mais um mercado. O país esfriou para os chineses ao longo dos últimos anos e eles desinvestiram. Outros mercados cresceram, como a própria China, enquanto nós estacionamos”, analisa o CEO da CBIPA. Além da recessão econômica, colocar mais entraves comerciais só afasta ainda mais os chineses. Nessa equação, quem sai perdendo é o consumidor brasileiro que adoravam um “negócio da China”.

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